01-
MAÇAMBIQUES
Autor: Léo Ribeiro de Souza
Declamador: Neiton Perufo
Amadrinhador: Adão Quevedo e Jeferson Lima
-
Estou ouvindo os tambores...
... e vem lá do Morro Alto!
Cruzam, no mais, o asfalto
expressando os seus valores.
São os Reis os portadores
desta ancestral tradição.
Cantos, danças, percussão,
neste festejo que irmana
a pátria-mãe africana
com Osório, meu rincão.
Vem
chamando o vizindário,
entre cortejos e ritos,
pra louvar São Benedito
e a Senhora do Rosário.
Santos Negros, relicários,
do Maracatu e Congado
Dois nomes que são sagrados
nos ranchos de pau-a-pique
que viraram Maçambique
na parte Norte do Estado.
Cada
grupo de cantores
tem vinte e quatro integrantes
e a Vara de Dançantes
é dividida por cores.
Os dois Reis e os seguidores
guardiões da Padroeira.
A côrte Maçambiqueira
tem também três Tamboreiros
os Soldados e o Festeiro
o Alferes e a Bandeira.
É
o passado e o presente
unidos na devoção
peleando contra a exclusão
destes Afro-descendentes.
São negros remanescentes
dos Quilombos nas florestas,
que vão mantendo o que resta
deste costume qu'encanta,
pés descalços, roupas brancas,
dançando pagam promessas.
Vem
na brisa do oceano,
e se esparrama na praça
astrais de louvor e graça
em outubro de cada ano.
No mastro o sagrado pano
vai tremulando em pendão.
Como é linda a evocação
que pelas ruas s'espalha
junto ao som das Maçacalhas,
geração, pós geração.
Mas
falta mais atenção,
mais ajuda, mais apoio...
A velha Conceição do Arroio
não pode deixar na mão
quem mantém a devoção
de forma tão verdadeira.
Esta festa é uma bandeira
contra a discriminação social.
É... Patrimônio Imaterial
da Cultura Brasileira!
Mando
um recado nas rimas
de bons frutos, bons presságios,
a vila de Caravággio
por sustentarem esta sina.
Ao Antônio, a Severina,
Rei e Rainha, a nobreza,
que tenham “doces nas mesas”,
que não percam seus primores,
que no rufar dos tambores
ecoe força e beleza.
Que
na festa que permeia,
o povo traga sua fé,
de Capão, de Maquiné,
Itati, Terra de Areia...
Que as almas fiquem cheias
de amor e contentamento.
Maçambique é um documento
da história desta cidade,
Maçambique é a identidade
da Terra de Todos os Ventos.
02 - QUANDO O DIA OLHA P’RA DENTRO
Autor:Cândido Brasil
Declamador: Cândido Brasil
Amadrinhador: Lucas Brasil
O dia vai fechando os olhos e a tarde relaxa o músculo,
puxa o pala do crepúsculo e vai cobrindo restolhos,
deixando imagens em molhos,
ao calor dos raios do sol
e o lusco fusco do arrebol vai apertando ferrolhos...
Chapéu
quebrado na frente, sobre o vento, de à cavalo,
reponta um rabo de galo que se desmancha dolente
p’ra encerra do presente e aos poucos se arrincona
tendo às botas rossilhonas chilenas estrelas cadentes.
Um
panuelo maragato recolhido do astro rei
rufla em seu peito de lei como campeiro aparato
e completando o retrato, presa à faixa, por baixo,
a faca dum raio guaxo forjada num fogo fátuo.
Enrodilha
o doze braças da linha do horizonte
e sopra por traz do monte uma brisa que esvoaça
e pelo ar se perpassa em toada milongueira
ponteando a noite campeira, junto à têmpera da raça.
E
com as vistas cerradas palmeia a cuia da ilusão,
sorve o último clarão de matizes carregadas,
deixando a alma emponchada de esperanças sinuelas
e o mate reflete estrelas que dançam enfumaçadas.
No
apontamento dos cumes formam fila as Três Marias,
reticências de poesias com estrofes de negrumes,
metrificadas em lumes, na folha da noite escura,
com notas de partitura no piscar dos vagalumes.
A
lua com seu clarão, alumia a grande invernada,
a sesmaria desfraldada, as nuvens de algodão,
na tela da imensidão o olho de prata detalha
a interminável batalha de São Jorge com o dragão.
Abre
os braços o cruzeiro, acariciando a galáxia,
ao longo da via láctea um asteróide ponteiro
traz na culatra o luzeiro de tropas de meteorito
pelo cosmos infinito num contrapasso tropeiro.
Do
firmamento até o chão flutuam sonoridades
nas profecias das Naiades, em aguadas do rincão,
nos medos da escuridão, que acompanham o andarengo
deixando o diabo rengo solto com o bicho papão.
O
pampa leva na anca clarões aqui e acolá,
dos olhos da Boitatá, que rasteja e não se abanca,
no alto vê a carranca que se some num perau,
rumo ao cerro do jarau da bruxa da salamanca.
Num
pelado de rodeio tremula uma luz de vela
e alumbra a face singela de Nossa Senhora que veio
dar acalento ao anseio, com carinho e com guarida,
achando a tropa perdida do Negro do Pastoreio.
Nos
ranchos pregando peça, co’ o cachimbo fumegando,
passa o saci saltitando, em estripulia, com pressa,
sua risada não cessa e vai além da porteira,
apostando uma carreira com a mula sem cabeça.
No
palanque de corunilha uma coruja bombeia,
dando mais de volta e meia co’ a cabeça que destrilha,
em cada olho a luz brilha e um quero-quero quer vaza
de lança firme na asa, na mais gaúcha vigília.
O
orvalho derrama prantos no dorso dos alambrados,
que oram enfileirados nos mais crioulos recantos,
entoando hinos e cantos no fundo das noites calmas
ao sarapanto das almas que habitam os campos santos.
No
balanço dos capões movimentam-se figuras,
misteriosas criaturas do ermo das solidões,
que jogam indagações a cada eito de metro
reavivando o espectro de dantescos avejões.
Nas
taperas voam plumas de duendes em alvoroço,
que tentam o jogo de osso quando a noite se perfuma
depois passam uma a uma, esparramando misérias
teatinas bruxas gaudérias em vassouras de guanxuma.
A
noite exala axé com seus dogmas ocultos
e forma estranhos vultos que testam a pouca fé;
na casa de M’bororé pulsa uma força guerreira
com a cepa missioneira do lunar de São Sepé.
Pela
mão da madrugada se achega a estrela boeira,
sonolenta, pela beira, com a cara de cansada
e vai, de alma lavada, com luminares etéreos
coloreando os mistérios que assombram a gauderiada.
Numa
copla em si bemol, com os astros em gracejo
a noite dá seu bocejo trazendo luzes de escol,
põe a tramela no rol da pretura campesina
e vai abrindo a cortina do dia com clave de sol.
Toda
a energia do centro do seio da mãe natura
desnuda cada criatura e rebolca chão adentro,
causando um epicentro, na escala da evolução
e nos graus no coração quando o dia olha p’ra
dentro.
03 - A MONTANHA DO TIO ANCO
Autor: Carlos Omar Villela Gomes
Declamador: Arielton Carvalho
Amadrinhador: Geraldo Trindade
Meu tio tem uma montanha...
É uma montanha encantada!
A grandeza da paisagem
Contraponteia meus passos,
Que vão desbravando o mato,
Pequeninos, hesitantes...
Desvendando cada canto
Dessa montanha gigante!
A
ponte se faz imensa
Pra o meu olhar insistente...
A sanga é rio selvagem,
Os lambaris são valentes...
E encaram, dando risada,
As “caniceadas” da gente!
O
arvoredo balança
Ao beijo do vento norte...
Ou será que são assopros
De algum monstrengo escondido
Que mora atrás da montanha?
Que de repente se assanha
E resolve nesse tranco
Deixar a gente com medo?
Existem tantos segredos
Na montanha do Tio Anco!
Até
uma princesa moura
Já viram nesse lugar...
Será que a Teiniaguá,
Cansada da vida igual,
Veio morar na montanha,
Abandonando o Jarau?
Será que encontrou meu tio
E lembrou do velho Blau?
Pra
ser bem sincero e franco,
Já tomei mate com ela...
Ali, na gruta mais bela
Da montanha do Tio Anco!
Em
tantas noites geladas,
Sentado à beira do fogo,
Num castelo diferente
Que ele chama de galpão,
O tio nos conta histórias
Sobre a montanha encantada,
Plantando duendes e fadas
Na nossa imaginação.
Feito
a noite em que o Negrinho
Chegou de alma faceira...
Largou um buenas, brejeiro,
E mais ligeiro que um raio
Foi encontrar o seu baio
Detrás da bergamoteira.
Meu
tio não faz rodeio
E diz que não é balela...
Que até hoje acende vela
Pra o Santo do Pastoreio.
Tem
vezes que eu não durmo
De faceiro ou assustado...
E rondo ao longe a montanha
Até chegar a manhã...
Não é que eu seja tantã
Ou que não faça por onde...
É que o Boitatá se esconde
Na Toca do Tanhanhã!
Foi
isso que o tio contou,
Ajeitando o barbicacho...
Que ele foi criado guaxo
Pela avó do meu avô!
Meu
avô? Meu avô não morreu...
Meu avo não está no céu.
Ele se mudou pra montanha do Tio Anco!
Está logo ali, detrás daquela pedra,
Detrás daquele tronco,
Depois daquela sanga;
Ali, pertinho dos seus...
Quem foi que pôs no papel
Que é preciso estar no céu
Pra estar juntinho de Deus?
Eu
sei que não tarda muito,
Se vão os passos da infância...
Faculdade, novas cores,
E outros tantos valores
Me esperam depois da curva,
Pois cabe feito uma luva
O meu destino anunciado.
Mas
esse mundo encantado
Vou levar em cada canto...
O arvoredo, as vertentes,
O castelo que é galpão...
Chega a ser impressionante...
Essa montanha gigante
Parece até pequeninha,
Pois ela cabe inteirinha
No amor do meu coração.
E
o meu olhar de criança
Nunca vai virar semente...
Vai viver eternamente
Na montanha do Tio Anco!
04 - O HOMEM DENTRO DO ESPELHO
Autor: Bianca Bergmam
Declamadora: Bianca Bergmam
Amadrinhador: Geraldo Trindade
O homem dentro do espelho olhou bem fundo em meus
olhos
A procurar as respostas que precisava encontrar.
Foi passeando em meu rosto a descobrir seus caminhos,
Por estes vincos rasgados que o próprio tempo gravou.
Me parecia tão louco, mas era mais do que isso!
Não era velho de fato, mas não sei bem o que era.
Se parecia comigo, mas lhe faltavam temperos...
O homem dentro do espelho, se revelava pra mim.
Troquei olhares com ele nessa inquietude agoniante.
Não sei se ele me entendia,
Se decifrou meu olhar.
Não sei se me achava estranho,
Pois enticava comigo...
Abrindo os braços sorria me oferecendo um abraço,
Que na barreira do espelho eu não podia entregar.
Mas eu olhava pra ele como quem olha um amigo...
Preso em seu mundo de aço, no seu castelo de vidro.
O homem dentro do espelho era intrigante a meus olhos.
Como vivia lá dentro?
Quem foi que lhe condenou a este mundo do avesso,
De paisagens repetidas e reflexos dobrados?!
Quem foi esse desalmado que lhe roubou os sentidos,
Nesse viver invertido de nunca olhar nada além
Do quadro antigo da sala...
Os doces na cristaleira...
A janela de madeira por onde o vento suspira
E onde a noite se inspira pra lindos versos de amor.
Meus pensamentos se soltam a indagar do seu mundo.
Busco a resposta em seus olhos como fizera nos meus.
É nessa hora que choro sentindo pena do homem,
Que só projeta as imagens de tudo que não viveu.
Então eu peço desculpas, nunca pensara em seu caso!
Jamais andar deste lado...
Não palpitar nos seus trilhos...
Não construir sonhos lindos com a eterna namorada...
Acordar de madrugada para acalmar algum pranto
Ou murmurar acalantos, beijando a face de um filho.
Meus pensamentos revoam,
Volto pra dentro de mim
Assimilando as angústias daquele homem do avesso.
Ao perceber meus delírios então recaio de joelhos...
Sou o carrasco que prende o homem dentro do espelho!
Ainda
assim ele olha me oferecendo um abraço,
Que na barreira do espelho eu não consigo entregar;
Mas ele insiste sorrindo como se eu fosse um amigo
Preso em seu mundo de aço, no seu castelo de vidro.
No paralelo que faço, ele tem raiva de mim,
Porém olhando em seus olhos vejo não ser o que sente.
Deus do céu, quanta ironia!
Eu que roubei seus sentidos, nada mais sei do meu mundo
E ele me mostra em silêncio o quanto entende de nós.
Me levanto lentamente, vou recobrando a postura,
Dou um sorriso pra o homem que me ensinou a ser eu.
Apago a luz, fecho a porta
E cá de fora do espelho sigo essa vida em seus trancos
Enquanto ele suspira imaginando meu passos
No seu mundinho de aço, em seu castelo no escuro.
Não sou mais aquele homem que hoje olhou nos meus olhos.
Redefini meus caminhos, reinventei minha alma.
E agora com toda calma vou desenhando meu ser...
Aquela imagem gravada dentro do espelho era giz...
Vou apagando a textura e invertendo meus sonhos,
Pois quero ser um reflexo...
O reflexo do avesso dos paralelos que fiz.
05 - AS MÃOS DO MEU AVÔ
Autor: Paulo Ricardo Costa
Declamador: Fabrício Vargas
Amadrinhador:Kayke Mello
As mãos do meu avô eram grandes,
Com dedos em formas de garras...
Enrijecidas na parte adunca dos calos,
Desenhavam os mapas da vida...
Pelas linhas profundas de um M,
Que pareciam sangas já secas,
Transbordadas em outras enchentes;
As
mãos do meu avô eram abrigo,
Quando embalava os meus sonhos,
Cantarolando com a sua voz rouca,
Cantigas que ainda trago na alma,
E olhando no verde dos meus olhos,
Balbuciava as frases mais ternas,
Com palavras tão doces e tão suas,
Que ainda me sinto o mesmo piá...
Choramingando para ter seu colo;
Quando
dos meus primeiros passos,
Cambaleando as pernas tortas,
Buscava encontrar as suas mãos...
Para me segurar dos tombos;
E aquele sorriso esbugalhado,
Sulcados por grandes vergas...
Que desenhavam a fronte séria,
De uma barba branca e rala;
E
depois... Já piazote taludo...
Quando encilhava um petiço,
E saíamos a recorrer os campos,
Refazer as cercas, juntar o gado;
E aquelas mãos grandes e fartas,
Se agigantavam no cabo do arado,
Abrindo vergas no coice do tempo,
Socando terra nos buracos da vida;
As
mesmas mãos que torciam arames,
Sustentavam touros no golpe do laço...
Torciam atilhos na cabeças da tramas,
Sofrenavam potros só com tento e crina...
Ponteavam milongas no braço do pinho,
Acariciavam as cuias nas horas do mates,
Me afagava os sonhos na hora do sono,
E juntavam-se em reza na oração da fé!
Sei
que o tempo é campo deserto...
Por onde passamos para deixar marcas,
E as dores são mãos que apontam o rumo,
Que por vezes, nos chicoteiam...
Quando nos perdemos nas manhas da vida,
Sem querer buscar o caminho certo;
Assim
eram as mãos do meu avô!
O equilíbrio para os meus passos falsos,
O abrigo para os tempos de invernia,
A carícia para as horas tristes da dor;
Ágeis pelo pontear das cordas...
Rudes e fortes no apontar dos dedos,
Leves e brandas no afagar do sono,
Amiga e parceira no apertar do adeus;
A
vida por si não contempla lamentos,
E nos dá a certeza que o tempo se foi,
E o que fica do tempo, além dos sonhos,
São apenas imagens a elucidar a alma;
E um dia as mãos que me deram afago...
Que foram carinho nas horas da dor,
Se postaram inertes, tão juntas e tão só,
Sobre um corpo estirado quieto e frio;
No
olhar de quem fica, marejado de dor,
O silêncio é castigo (rebenque que bate),
E o coração apertado na ânsia mais terna,
Sufoca as lembranças em fotos amarelas;
E parte sem adeus, sem mãos abanando,
Talvez o encontrarei num tempo depois,
O que ficou escondido, cada palmo de campo,
Que o tempo e a vida guardou de nós dois.
06
- DOS MEMORIAIS DE UM TROPEIRO
“Na rota dos maçambiques”
Autor: Luiz Lopes de Souza
Declamadores: Paulo Ricardo dos Santos e
Érico Machado Bastos
Amadrinhadores: Mário Tressoldi e Mário Duleodato
Deixem falar o tropeiro
pela memória do tempo...
Pois o rol de sua memória
é um lenitivo de glórias
de um passado itinerante
que singrou léguas distantes
forjando o rumo da história...
...
só o tempo é testemunha
da saga mais peleaguda
dessa odisseia terrunha.
... as prosas nas noites longas
fatos, relatos e assombros
povoando noites de rondas...
Pois
então...
Deixem falar o tropeiro
neste momento oportuno,
que se reporte ao tribuno
das rodas de acampamento
e que nos conte uma história
pela memória do tempo...
-
Pois boeno... então vos falo...
Cruzei por aqui mil vezes!!
E nos longes desses caminhos
este velho peão tropeiro
viu tantas coisas parceiro:
Léguas e léguas infindas
em incertas trajetórias...
e um catecismo de exemplos
aos tempos loucos de agora...
Certa
vez toquei a tropa
serpenteando nova rota
num longínquo itinerário
costeando o litoral norte.
Quinhentas mulas por diante
na mais sofrida paciência.
... é uma aventura imprevisível
cruzar estranhas querências..
Cauteloso
fui em frente
culatreando e arribando
nesse Pago diferente..
Até
que um dia chegando
às margens de uma lagoa
a tropa redemunhou
esquiva trocando orelhas
foi refugando e parou...
Só
então tomei tenência!
Um alegre reboliço
pintava um quadro festivo
na entrada do vilarejo
de “Conceição do Arroio...”
Meu
coração cadenciou
na sensatez da emoção.
Por entender um momento
de memorável nobreza
e tão lúcida homenagem...!
Até a mulada xucra
foi se arredando morosa
dando solene passagem...
-
O que vi lhes conto agora -
“Rainha Jinga” imponente
formava par ao “Rei Congo”,
retornando coroado
com a benção do vigário
na “Capela do Rosário”
bem ali rente ao povoado...
Ao
sincopar de tambores
e bulir de “machacás”
seleta “vara dançante”
reverenciava seu Rei...
Os homens de “pés no chão”
no alvo das roupas brancas
coreografavam ao Rei...
“Oia
lá manco manco
pisá de vagá,
Ó, ó pisa de vagá
lá na porta do céu
tu não vá trupicá...'’
Como
lhes disse parceiro,
eu que já vi tantas coisas
e tive um certo orgulho
de tropear em rumos estranhos
por esse mundo bagual,
me envergonhei por ser branco
ao entender o ritual...
-
O que vi explico agora -
Eram negros “Maçambiques”...
num misto de religião,
de arte e de tradição...
senti em cada olhar
orgulho por serem negros
e o porque de seus louvores,
já que pra Deus com certeza
os homens não têm cores...
Foram
trazidos de longe
enchiqueirados qual bichos,
foram míseros escravos
quilombolas por instinto...
Mas ninguém teve poder
pra arrancar de suas almas
a legendária cultura,
(... atavismo redivivo
que ainda hoje perdura...)
Mais
despacito que antes
campeei o rumo e segui...
repontando junto a tropa
essa passagem remota
que nunca mais esqueci...
Minha
alma de tropeiro
por certo um tanto culpada
e já desbotada e vazia,
entendeu que a liberdade
tem um matiz de alegria...
...
tinham cor negra na pele
e alma mais branca, que a minha!!
GLOSSÁRIO
MAÇAMBIQUES
– Negros que habitam a região do litoral norte mais
precisamente em Osório até nos dias atuais. Tradicionalmente
no dia de Nossa Senhora do Rosário, fazem uma festa em
comemoração, com muita dança, celebração
e a folclórica encenação da coroação
do Rei Congo. Esta festa faz parte das tradições
herdada dos negros escravos trazidos da África.
RAINHA JINGA – Rainha dos Maçambiques.
REI CONGO – Rei dos Maçambiques
MACHÁS – Pequenos balaios, cheios de frutas secas
que os negros amarram nos tornozelos para produzir um ruído
e dar ritmo nas danças.
CONCEIÇÃO DO ARROIO – Antigo nome da cidade
de Osório
ESTROFE EM NEGRITO – Verso folclórico cantado nas
festas dos Maçambiques.
07 - MINHAS BONECAS
Autor: José Luiz Flores Moró
Declamadora: Priscilla Alves Colchete
Amadrinhadores: Grace Nardes, Sergio Nardes, Ana Serafini,
Paulo Coelho e Lenonn Farias
Costurei bruxas de pano nos partos da brincadeira
E eu sei, nesses meus conceitos, de que fui mãe verdadeira
Da infância de minhas bonecas ...
A
criança inventa a vida
Nos olhos de quem não vive ...
Nesse
lar imaginário
Em que meus sonhos moravam
Não havia dissabores nem a presença do mal ...
Apenas a mãe e filha que se faziam família
Nesse inocente ritual ...
Vesti-me
de Cinderela,
Maçã de bruxa malvada,
E fui Gata Borralheira
Para encenar, na brincadeira,
Meus próprios contos de fadas!
Um
dia ... Que o tempo é maula ...
Minhas ânsias de adolescência
Trocaram o céu da inocência
Por malícias de mulher ...
...
Haveria de vir um príncipe
Todo vestido de aurora
E, com seus lábios de seda,
Beijar-me o calor da boca
E, como Bela Adormecida,
Fazer-me ver a outra vida
Que existe dentro do amor ...
...
Melenas loiras na brisa,
Com seu cavalo dourado,
Ele apontou no horizonte ...
Trazendo,
No ouro de sua coroa,
A razão dos meus anseios
E a luz de todos meus sonhos ...
Foram
dias de utopia,
Devaneio ... Amor ... Paixão ...
Tanta jura e esperança
Que o coração da princesa,
Absorto ao amor ... Á beleza...
Perdeu a tez de criança!
...
Mas, ao contrário da estória,
Apenas beijava um príncipe
Que, de repente, virou sapo ...
Melenas
loiras na brisa,
Com seu cavalo dourado,
Ele sumiu no horizonte ...
Levando,
No ouro de sua coroa,
O resto dos meus anseios
E a luz de todos meus sonhos ...
Mas
deixando na aventura uma semente vital
Que faria outra boneca nos trapos de realidade ...
Embora
marcas de ausência riscando a alma de trevas,
Os dissabores malevas não vão matar-me em saudade
Nessa
nova etapa da vida ... Mais mulher ... Mais decidida ...
Serei mamãe novamente mas com a estória diferente
E uma filha de verdade ...
Hei
de vestir-me de Anita, mesmo sem ter Garibaldi
E escalar, pedra por pedra, o cume desse calvário ...
As bruxinhas de tecido, com seus cabelos de linha,
Vão ganhar nova irmãzinha
Num reino desconhecido ...
E
aquele príncipe Don Quixote
Que partiu para outras terras
Declarando estar em guerra
Com todo o moinho de vento,
Já não é mais o ginete
Que com a espada e o florete
Atingiu-me o encantamento!
Porém ...
Como um bom fidalgo
Deixou estirpe e descendência
Na casinha do meu ventre ...
Dele
virá outra princesa em uma carruagem de abóbora
E calçar o sapatinho de cristal ... Pequenininho ...
Que eu perdi na minha estória!
Embora
as línguas de trapo atirem os seus venenos
E preconceitos mesquinhos sobre as sobras desse amor,
Tirarei mulher de mim para essa filha realidade ...
E dane-se a sociedade se me julgar “mãe solteira”,
Pois quem já foi a parteira
De uma boneca de pano,
Tem carisma ... Tem tutano ...
Para ser mãe verdadeira!
Então
... Pra essa nova filha abrirei minhas janelas
E que venham as Cinderelas ...
Fadas ... Gatas Borralheiras ...
Com as mesmas brincadeiras
Que eu possa legar a ela ...
...
E o seu ranchinho tão belo
Será maior que os castelos
Que existem na fantasia!
No palco de sua infância farei distinto papel ...
Serei fada ... Rapunzel ...
E Chapeuzinho vermelho ...
Serei Alice e o coelho
Do País das Maravilhas ...
Mas
...
Se precisar eu ir à luta
Serei a nova recruta
Nas fardas de um farroupilha ...
Farei nossa própria guerra ...
Serei “Bibiana” em Ana Terra
Para orgulhar minha filha!
E
nesse reino encantado que a terá por rainha
Também surgirá bruxinhas
E estórias da carochinha
Pra brincar com mãe e filha
Que se fazem uma família
Num inocente ritual!
08
- QUANDO A ALMA ENTENDE O VERSO
Autores: Joseti Gomes e Alberto Sales
Declamador: Luis Afonso Torres
Amadrinhador: Marcus Morais
O corpo todo se entrega
quando a alma entende o verso...
Quando
a paisagem dos pampas
se renova pela chuva,
que mata a sede da terra,
o poeta, em seus silêncios,
ruminando pensamentos,
abre as porteiras da alma
para ouvir seu coração...
Resgata,
das profundezas da mente
que dão guarida à loucura,
um desejo inquietante
de imprimir a inspiração
na palidez de um papel.
A mão pede cancha
nos campos da poesia...
No partidor, deixa rastros
de versos, parindo recuerdos
de quem vive em nostalgia...
Pras
rimas baterem asas
encontrando a liberdade
na carona de algum vento,
é preciso o sentimento
interpretando estas linhas...
Mas,
todo rio encontra o curso
se assim estiver escrito...
Os versos tão reprimidos
empoeirados de ausência,
encontram noutras querências
alguém buscando motivos
pra soltar a sua voz...
Matar a fome de terra...
Dar de beber aos olhos,
que secavam nas vigílias
das tantas noites de espera...
O
campeiro agora volta,
trazendo nos seus peçuelos
um regalo pros anseios
de quem nasceu sonhador,
onde a nuvem das estradas
se faz fiel companheira,
daqueles que firmam raízes
na ilusão de um corredor...
E
a sina dessas palavras
encontra o seu destino
numa súplica de amor,
pra ecoar a mudez da alma
na voz do declamador
que vem entregar-se ao poema...
Pois já viveu de verdade,
toda a dor que o poeta,
rabiscava solitário,
no seu mundo imaginário
de ferir-se em solidão ...
O
verso, outrora confidente,
descansando sobre a mesa,
agora, se mostra nas rimas,
em cada frase do papel
pra quem lê nas entrelinhas,
tudo o que foi confiado
no pergaminho secreto,
que se revela infiel...
Eu
também sinto na alma
a sede de versejar...
Pois me alimento dos causos,
das prosas e cantorias
que a ciência não explica
e nem consegue entender...
Pois este grande apego
ao telurismo gaúcho
que nos inspira pros versos,
nos chama à liberdade
pelas várzeas destes campos,
que amanhecem tropeando,
no ronco de cada mate
cevado por mãos de lida,
perto de um fogo-de-chão ...
Têm a nascente nas rondas,
batizadas pelos versos
que se imprimem nos telhados,
com picumã de um galpão...
A
liberdade dos pagos
faz companhia pra lua
quando despida dos medos,
se debruça na janela...
Vem trazer inspiração
pra quem vive por inteiro,
neste cenário campeiro
que deixa o olhar desnudo
ao
revela-se em milonga...
Se arrancha de mansito,
sem mais de longas se abanca,
e toma conta de tudo...
Aqui, estes mesmos tauras,
que outrora andavam extraviados,
encontram, no seu costado,
os motivos pra ficar ...
Madrugada, violão e sentimentos,
silêncios pros seus lamentos
e versos pra declamar...
Me
alimento de poesia
se digo coisas da alma,
e a própria alma se cala
e fica olhando pra mim...
Refletida em cada verso,
que, um dia, eu mesmo quis escrever...
Nos timbres, que ela não conhecia,
em perfeita harmonia
co'as cordas de um violão...
Eu deixo de lado a razão,
pois o corpo todo se entrega
quando a alma entende o verso...
Minha voz, é a voz de muitos e,
já não pertence a ninguém...
Alcança o mundo do poeta,
e, no instante em que me calo,
me faço poeta, também!
09
- PRA OS QUE DÃO VIDA A POESIA
Autor: Sebastião Teixeira Corrêa
Declamador: Sebastião Teixeira
Amadrinhador: Marcus Morais
Das gargantas eloqüentes, como o nascer de um teorema,
Vai emergindo o poema que o poeta rabiscou,
E as mãos... ( a vida no estro...), à modelar, qual
maestro,
O concerto que brotou...
...Como
um gigante alado, (braços planando nos ares),
Os versos: Vida... Pulsares, do fundo dos oceanos,
Que a Divindade de Olimpo, na alquimia de um garimpo,
Traz pra o plano dos humanos
O
palco, doce berçário, ponto central do Universo,
Que a Sesmaria do Verso transforma em templo sagrado,
Onde florescem em rimas as mais lindas obras primas,
Arte... Cultura... Legado!
Como
é bonito, em setembro, início de primavera,
Poder viver a quimera de um recital de poesias,
É como ouvir das distâncias, vozes rurais nas estâncias,
Em quadras de sesmarias...
É
como o trinar dos pássaros anunciando a alvorada,
É a prosa da peonada bem junto ao fogo de chão,
Como cantigas de aboio, em dueto com o arroio
Que abre caminhos no chão
O
Rio Grande se transforma na Catedral do xucrismo,
De puro regionalismo, do verso feito a cavalo,
E esse lirismo campeiro chega lambendo o saleiro
Como quem ganha um regalo!
O
Litoral ouve o éco das gargantas retesadas,
Como ondas moduladas ao rodar dos cataventos,
E a confraria presente, vem pra beber da vertente
Dos mais puros sentimentos
Osório
abre a porteira pra receber os andantes
Que vêm de rumos distantes pra beber no manancial,
É o que se vê ano a ano, como se o próprio
oceano
Virasse um grande missal
Então,
os declamadores desfiam verso por verso,
Como se um mundo disperso vibrasse numa só nota,
E a poesia ganha vida... É luz do sol refletida
Na plumagem da gaivota
São
eles, que abrindo o peito, deixam fluir a mensagem,
Criando alma e imagem ao poema recém parido,
Emoldurando-o com zelo, como a mãe lambendo o pelo
De um potrilhito nascido
Bendita a voz que levanta de uma garganta campeira,
Seja da Serra ou Fronteira, da Campanha ou Litoral,
Dando “sonido” às palavras, batendo à
porta das casas
Pra um “saludo” fraternal
E
esses trovoeiros revezam, se alternando na tribuna,
Marcando a tropa reiúna com o timbre da sua voz...
...E os versos saltam do brete, como corcóvos de um flete,
Fazendo Pátria em nós!
A
inspiração toma conta quando aflora o sentimento,
Pra o campeirismo é o momento de força e virilidade;
Pra o lirismo é a melodia de quem extrai da poesia
Sua sensibilidade
Um
taura ”mandando” versos é um palanque na coxilha,
É o cerno da coronilha desafiando o temporal...
...É o simbolismo sagrado de um farroupilha “plantado”
Contra o domínio central
Uma
prenda declamando é uma Deusa em sua essência,
Flor mais bela da querência, Anjo de paz e ternura,
Onde o poeta se inspira, tirando, ao som de uma lira,
A mais linda partitura
Aqueles
que já partiram: O Boca, o Joel, o Darci...
É certo que estão aqui,( também outros que
bandearam),
Para aquecer-se ao braseiro e abraçar cada parceiro
Que, quando em vida abraçaram
Que
o grande Patrão do mundo, Deus Supremo, Onipotente,
Esteja sempre presente, aplaudindo com louvor,
A cada palavra ou gesto de um poema manifesto
Na voz do declamador !!!
10
- SONETO DAS SAUDADES
Autores: Everton Michels e Robson Fogaça
Declamadora: Liliana Cardoso
Amadrinhador: Marcus Morais
I
Nos versos longos falta teu cheiro,
Na cama só... o calor das horas,
A falta inquieta calça as esporas
Deixando em dor sem teus beijos.
Estendo
um mate a capricho, pra espera...
Mas tua ausência enfim, persiste,
O coração impaciente queima triste,
E a água mansamente esfria com a erva.
No
ronco estrondoso que vem bomba,
A erva lavada aos poucos tomba
Sons de um peito que emana em revolta,
Que
só se acalma quando noto
Que na alma, no tempo e nas fotos,
Embora triste o adeus, há a volta.
II
Regresso
sobre o lombo do gateado,
Que “das casa” também sente saudade
Sabe esse amigo, as contrariedades,
De quem vive a camperear abichornado.
Feito
o dia que ausente espera a noite,
E o cavalete que aguarda os arreios,
Indiferente a lembrança busca outros meios,
Pra soltar as amarras dos meus açoites.
Até
o campo sente falta do bater de patas,
Do laço espichado, que certeiro se destapa
Lustrando cerrado nas aspas de alguma pampa,
As
esporas esperam ansiosas os garrões,
E as baldas matreiras dos redomões,
Num fim de lida quando o astro rei se acampa.
III
É
tanta saudade que guardo ao peito,
Que não sei ao certo como conter,
Não será mais fácil dela esquecer?
Ou quem sabe se encontra outro jeito?
Se
adorna das horas, essa parceira,
Clamando meus carinhos... e atenção,
Espera ansiosa seu lugar no coração,
Que seu destino é do meu ser companheira.
Frente
ao vazio das noites enluaradas,
Anda meu sonho a campear uma estrada,
Alargando o horizonte dos anseios,
Leva
a saudade apresilhada a encilha,
O silencio a garupa se enforquilha,
E a paixão guiando as cambas do freio.
IV
Será
que a maleva no amanhã se acampa?
E se fará presente num futuro incerto?
Ser lua cheia em meu céu aberto,
E flor do campo que a beleza encanta?
Será
que ao peito ela fará morada?
E será amiga pras horas de ausência?
Pras incertezas a acolhedora querência,
Pro horizonte a sede de estrada...
Na
geada que há de adonar-se das melenas,
Encontrarei a saudade sorrindo serena?
Ou a simples lembrança da sua presença?
Nas
rugas que o tempo marcou a fio,
O passado inquieto, anda arredio!
Que a saudade amanhã! faz toda diferença.
11
- DE POTROS E GINETEADAS
Autores: Cristiano e Adriano Medeiros
Declamador: Jair Silveira
Amadrinhador: Gustavo Campos
Não
sei de onde vem a sina
De sair campeando corcovo,
Nasceu talvez lá pela Ibéria...
Nas mãos ginetas de um Mouro.
E, assim na gesta imortal
Saiu bem grudado nas crinas,
Em um embalo bem marcado
Puxando um venta brasina!
Nas
“Criollas” em Montevidéu
Ou até em Jesus Maria,
Eu sei que as gineteadas
São sim a grande alegria.
Pra um campesino de fato
Ganhar a rastra de campeão,
Na gurupa, basto ou em pêlo
Não é pra qualquer um não!
Quando
um potro sai berrando
Enfiando a cara nas mãos,
E o índio sai embodocado
Mas firme, sem froxar o garrão.
Dez segundos é ventania
Sentindo o tranco do bagual,
Vai benzendo co'as chilenas
Deixando um “risco” no carnal.
Malabruja...
Este desvalido
Quando nasce corcoveador,
Mas sempre tem contraveneno
Pra um pavena flor de roncador.
E já vai sentindo as “desditas”
Quem já pede relho e fiador,
Vai nas “oreias” deste cavalo,
Pois é o instinto do domador.
Das mais antigas dos gaúcho
É na monta de puro pêlo,
Que se vai pegado no tento
É pra quem tem sorte e zelo.
Traz o rebenque “reboleando"
Vai girando igual um tufão
E o matungo muy caborteiro
Vai esfregando a fuça no chão!
Pra
quem sabe montar em gurupa
Herança de índio pampeano,
Sabe que não é pouca coisa
A lida bruta de campechano.
A cincha se firma no peito
Pra mostrar ali como se faz,
Chamando na roseta dentada
E vai abanando pro capataz.
Basto
aberto, pra quem sabe.
É do estilo dos argentinos,
O estribo redondo de couro
Pra nunca perder o seu tino.
Usa alpargatas de carpincho
Ou calça as botas de garrão,
Firma bem a ponta dos dedos
E já salta calando na precisão.
Basto oriental é a monta
Com o arreio bem completo,
Vai o xergão e o basto liso
Pelegão bem no estilo dileto.
Pingo encilhado no palanque
Nesse faz que vai, mas não vai,
E um “doble chapa” sai grudado
Bem no estilo lá do Uruguai.
Racacho
Fajardo o capataz
Mandou estender a tropilha,
E gritou: “cavalo de gaiota”
Em rodeio nunca se cria!
Só volta no más pro palanque
Algum gateado que se boleia,
Muita atenção aos palanqueiros
Que a rodada é coisa feia!
Viver
na sanha destes rodeios
É pra quem gosta de picardia,
Metendo bocal nestes cueras
Levando pro povo alegrias.
Ginetear pede força no tutano
E cada um só dá o que tem,
Já ando louco de faceiro
Pra montar no domingo que vem!
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