13ª QUADRA - SETEMBRO DE 2008

01 - SESMARIA D´ÁGUA E SAL
Autores: João Antônio Marin Hoffmann e Sebastião Teixera Correa
Intérprete: Ayrton Machado
Amadrinhador: Clênio Bibiano da Rosa

Tava incrustrado no couro, já era herança de vidas...
Queria cambiar deveras, de posteiro, minha lida,
Quando o capataz matreiro deu-me um presente de grego,
Já me esperava ençilhado, o maula de cabos negros...
 
O riso se fez presente, prá não dizer gargalhada,
Enquanto os lábios do chão deixava o gosto nos meus,
Vinha parido entre dentes, lembro-me, assim, vagamente,
O kákáká da moçada...
 
Me bandiei pro litoral. . .
Recuerdos das pescarias junto aos riachos na infância,
Transbordando da memória, se faz presente à distância. . .
  
Acordei o piá mais velho, que a lide empeçava cedo.
Juntei as tralhas de pesca, como se junta os arreios....
Sem dar ouvido prá um lobo que do mar anda curtido,
Pontiei a contragosto, pois nestas horas Xô!!! Mico,
Quando o lar tá desprovido, nunca se escuta conselho...
 
O sol, no sono dos justos...
A lua sempre narcisa, como se fosse prá festa,
Retocava o pó do rosto, usando o mar por espelho...
 
Dos rastros feitos na areia, não tinham das bota, o taco.
Feito redomão, meu barco, cismava não se aquietar...
Ganhei o convés do Taura, como o lombo d’um bagual,
Do cais soltei os cabrestos e nos bandeamo a la cria,
Engolindo sesmarias da invernada d’água e sal...
 
De Osório até o Arroio, dei três lances, sim senhor...
A rede se fez moldura d’um quadro fartando a mesa,
Parecia o tal milagre de Jesus c’os pescador...
 
Larguei ao léu o timão, desventurança deu cria,
Por que a ganância no dia deu um golpe na razão...
 
O parcel tem beijo duro, reclama o casco do Taura.
Das crinas que eu campiei, do tirão inesperado,
Catei o vazio do espaço...
Restou-me a água por cais, e do mar o seu abraço...
 
O meu filho, lá adiante, com sua mão estendida,
Como a procurar alguma, que lhe prouvesse guarida...
 
Do meu Taura, vi então, a proa se alçar três vêzes,
Como um aceno de adeus, usando a mesma por mão.
..
Minha última lembrança é este mar-caprichoso,
Embalando-me em seu ventre de forma tão maternal...
 
Foi num tisco de segundo, acho que vi minha amada,
Ou do mar Iemanjá, envolta em luzes, de azul...
Sem licença, permissão um sul que adentra m’as ventas,
Trazendo odores do campo, dos rodeios, marcação. . .
Gaivotas bordando o azul, parceirando o algodão. .
 
Da velha rede de pesca, depois da lida estafante,
Seus rasgos feito feridas pelo abraço d’um coral,
Dormem ao sol escaldante, secando os dedos trançados,
Enrugados pelo sal...
 
Não sei se sina ou destino; por ser intrépido, audaz,
Netuno levou meu filho, prá Atlândida perdida
Ter seu próprio capataz...
 
Quinze dias são passados, pesados posso dizer;
Por que da vida “no más”, se foi assim a la cria ,
Toda razão de viver. . .
A mãe não fazia outro, chorava a ída de quem não iria retornar...
Osório, Tramandaí, Capão, Maquiné, Arroio,
Virou rotina dos dias, todo o norte litorar...
 
Do olhar, perdi o viço. . .
O cabelo, outrora negro, já sem zelo, grisalhou...
O riso anda silente, meu prosear que era pouco,
Agora, então, se calou...
 
O coracão fez-se porto, onde navios de lembranças
Atracam todos os dias...
D’esperança d’antes vivo, perdeu pela mesma o gosto.
Anda pilchado em saudades, prá uma tal conformidade,
Deu albergue, cedeu posto...
 
Os olhos d’antes serenos, se pegam mar com ressaca.
Bate d’encontro às falésias, das pálpebras feito taipas,
E a lágrima qual marola, lavando a praia do rosto,
Espraia a orla dos lábios, cambiando da boca, o gosto...
 
Lá no Morro do Farol, na gruta da Aparecida,
Enquanto a chama desfaz, as velas oferecidas,
Meus lábios mussitam preces, que escapam guturais,
Clamando um corpo de volta, se não for pedir demais...
 
Meus passos longos d’outrora, se fazem quase arrastados,
Os olhos pousam ao longe, onde o mar quer ter um fim...
Buscam o certo no incerto, já nem tão mais aguçados.
Confiante, fez-se morna, a esperança de encontrá-lo.
Vai e vem, feito marés, mas sem somar resultado. . .
Findou meu tempo de estar; nasceu outro, o de partir...
Zarpar águas d’outras plagas, singrar mares d’outras águas,
Cambiar a sina e a sorte, que o além há de provir...
 
Custou-me os olhos Xôôô!!! Égua, crer no que se assucedia. . .
Após tantos safanões, os gritos das gaivotas,
Confundem-se aos do capataz. . .
Ainda sem entender porquê me espancava o rosto,
Pelo topo da mangueira, riam rasgado, a peonada,
Quase em coro, gargalhada, enquanto eu limpava o barro
Que incrustrou-se pela cara. . .
 
Quando o sol esfria as brasas, ganhando entranhas do mar,
Recobro minha consciência; dou-me conta do presente. . .
Ainda vislumbro ao longe, meu pampa com seu poente,
E a beleza do seu porte. . .
 
Então, c’o sinal da cruz, agradeço ao “Patrão-Velho”,
De posteiro minha sorte, e deixo prá outra olada,
Esta mudança sonhada, pro nosso Litoral Norte. . .


02 - AQUELAS LUZES QUE PERDI NO DIA

Autor: José Luiz Flores Moró
Intérpretes: Pedro Júnior da Fontoura e Priscila Campeol
Amadrinhadores: Carlito Magallanes (bandonéon) Diogo Matos (teclado) e Luciano Salerno (serrote)

I
É uma noite medonha... Muito fria,
A que transponho solito... Cavalgando,
Meio sem rumo, em trevas, procurando
Aquelas luzes que perdi no dia...

Parece, quando em vez, estar sonhando,
Mas sei que não é sonho ou fantasias,
Pois me alerto das pálidas poesias
Que o minuano vive declamando.

Troteio lento aos meus abismos fundos
Como um centauro procurando o mundo
Sem sua parte vital de ser humano!

Na certeza de ter vida além do fim,
Eu continuo a procurar por mim
Entre labirintos do social urbano!

II
Não culpem minha lágrima que desce
Pela epiderme rota do meu rosto
De ser a mensageira do desgosto
E da mágoa, enfim, que me aborrece!

Ela é, somente, um componente oposto
Ao mal que a vida sempre me oferece,
Pois quando o meu espírito adoece
Me umedece o corpo decomposto.

Esse pingo d’água que me molha a face
Só reflete as dimensões do meu impasse
De ter sempre de fugir... E de correr!

Ela é, apenas, essência de minhas penas
Que também correm, porém bem mais serenas,
Pelos rios subterrâneos do meu ser!

lll
Tranqueio atalhos nas encruzilhadas
Que destinam meu trocar de passos,
Porém cada seta que anuncia estradas
Aproxima-me mais dos meus fracassos!

A noite é de caminhos mais escassos
E somente o tino pra ditar jornadas!
O pingo lerdo pra trotear passadas
Não obedece ao leme dos meus braços!

Viajante errôneo em confins de trevas,
Entre lêmures espectrais... Malevas...
Sou outra alma que vagueia a esmo,

Girando em torno do meu próprio eu
Que, ainda não sei por que, não percebeu
Que procura, apenas, por mim mesmo!

IV
Nem culpem meu cavalo, eterno guia
Em todas as fatídicas jornadas
Pelas passadas lerdas e estropiadas
Que nunca alcançam minhas fantasias!

Ele também é um oponente à estrada
A qual insisto, em minhas teimosias,
De percorrê-la ao rumo de utopias
Que, bem sabemos, não nos leva a nada!

Esse pingo de um trotear tristonho
Só transporta cargas dos meus sonhos
Com todos meus pecados... No selim!

E ainda consegue, por buenacho e tauro,
Que eu use a sua metade de centauro
Para que eu tenha patas sob mim!

V
Os demônios são iguais nesses caminhos,
Cada qual com suas sentenças... Seus tridentes...
Em seus tapetes de lanças e de espinhos
E seus sorrisos sarcásticos nos dentes!

Mas eu transponho a tudo... Indiferente...
Pois a vida ensinou-me a andar sozinho
E me mostrou que o carrasco é complacente
Se eu pisar com altivez no pelourinho!
Nem mesmo o zaino dá sinais de medo,
Pois conhece muito bem esse segredo
De cavalgar nas trevas... Absorto!

...Ele um é outro pobre diabo como eu
Que, por capricho do destino, não morreu,
Mas carrega na alma um corpo morto!

VI
Porém... Há esperanças nessa noite escura
Que me excitam as ânsias de buscar
E cada espírito... Cada criatura...
Torna-se um aliado nesse procurar!

Nessa jornada infame de vagar
Eu que pareço plasmas da loucura,
Sou uma alma bruta a lapidar
As carapaças toscas da procura!

Pois espero que nesse andar bisonho
Encontre ainda, por detrás dos sonhos,
Algum fantasma de luz... De profecia

Que ilumine o fado que procuro
Ou que me leve a encontrar... No escuro,
Aquelas luzes que perdi no dia!


03 - DO GAÚCHO À DOM VICENTE

Autor: Márcio de Andrade Madalena
Intérprete: Jadir Oliveira
Amadrinhador: Guilherme Collares

Meados de mil e quinhentos
Numa província da Espanha,
De Ronda o Mundo ganha
O pai de muitos talentos,
Afinal seus pensamentos
Viraram tinta em papel,
Assim se fez menestrel
Dessa forma de poesia,
Era a décima que nascia
De Dom Vicente Espinel!

Bendita seja a “Espinela”
Décima de Dom Vicente,
Quem ouve, conhece e sente
Sua estrutura tão bela,
Compreende a força dela
Que outra jamais vai ter,
É o sentir e o querer
Do poeta de mente rica,
Que em dez versos se explica
Por sua forma de ser!

Um marco de trajetória:
O livro “Diversas Rimas”.
É uma das obras primas,
“Obregón”, a tua história.
O fruto de tua memória
Ao Novo Mundo se expande,
Sem que ninguém comande
Com forte auxílio dos anos
Talvez por alguns “hermanos”
Chegou até o meu Rio Grande!

Aqui, Francisco Ferreira
Fez dela um manifesto,
Delfina Cunha, um protesto.
É a décima à nossa maneira,
Que não encontra barreira
Que não se faz pessimista
É trilha, caminho e pista
Pra o poeta peregrino
Até o autor de nosso hino
Em vida foi decimista!

Se passam trezentos anos
Da data de tua morte,
e Deus clava a sorte
Nestes pagos campechanos,
Fortes ventos pampeanos
Atravessam rio e fronteira,
Abençoando a parteira
Que trouxe a este plano,
Um tal Jayme Caetano
Na querência missioneira!

E ele se cria aragano
Pajando por todos cantos,
Conhece Sandálio Santos
o “payador” castelhano,
Que mostra à Jayme Caetano
O seu talendo em pajada,
Segue então esta estrada
Na qual veio a crescer,
Pra o gaúcho conhecer
A “Espinela” improvisada!

Jayme então é aclamado
Por toda a nossa terra
Um decimista de guerra
Que conquista seu reinado,

Tem no verso improvisado
Toda sua sabedoria,
Destreza e galhardia,
Qual manada de capincho,
Por eternizar num “Bochincho”
Seu estilo de poesia!

Cantamos felicidade,
Improvisamos tristeza,
Exaltamos a beleza,
Com muita cordialidade,
Por ter a genialidade
De um passado gaudério.
E no campeiro critério
Da milonga guitarreada,
A décima virou pajada
Neste garrão de hemisfério.
Fica o agradecimento
Deste gaúcho contente
Obrigado Dom Vicente
Pela “base” do talento,
Estrofe de fundamento
Merece ser exaltada
E por ser abagualada
“Rebenta” qualquer cancela,
Sendo o pai da “Espinela”
És padrinho da pajada!


04 - LOUCA

Autor: Vaine Darde
Intérprete: Karin Burtet
Amadrinhadores: Lucas Volpato (violão) e Suelen Caprara (violino)

Louca?
Por que será que sou louca?
Será porque ando lendo
Tantas sílabas de lua
nos versos dos pirilampos,
que dicifro pelos campos
pra ser trova em minha boca?

Ou, nas noites de verão
bordo luar no vestido,
ponho estrelas nos cabelos,
em estranhas atitudes...
Ao banhar-me de poesia
no céu que fica invertido
cintilando refletido
nos espelhos dos açudes?

Louca?
Por que será que sou louca?
Será porque me interno
num mundo de fantasia
entre o horizonte e o galpão?
ou, pelas manhãs de inverno,
sou a noiva abandonada
arrastando nas canhadas,
o seu véu de cerração?

Ou porque quando amanhece
Abro os olhos e a cancela
pra deixar entrar o sol...
E enquanto a manhã se cora
me emolduro na janela
sorvendo a luz da aurora
num mate cevado a gosto
com jujo do arrebol?

Louca?
Por que será que sou louca?
Porque envolta em lonjuras
deliro com a ternura
da primavera rural?
Ou porque, quando me encanto,
adormeço ouvindo o vento
declamar no cata vento
estrofes de temporal?

Talvez seja pelo fato
de povoar a solidão
com lembranças de alguém...
Ou de andar gastando a vida
sendo a moça prometida
desse moço que não vem...
Por bordar um enxoval
com lágrimas e esperança
ou enxergar com alma
o que os olhos não vêem...

Eu até posso ser louca
por ter crises de ternura
quando tantas criaturas
declinaram de seus sonhos
e só vivem por metade
por achar que a realidade
só transita no visível...
Pois há muito me disponho
a encantar os infortúnios
vivenciando os plenilúnios,
sobre as flores dos lençóis,
nos meus sonhos de menina
quando a lua se ilumina
pra acordar os girassóis

Louca?
Será que me dizem louca
pelo doce desespero
de perseguir o cincerro
que bate no coração?
Ou nunca fechar a porta
a esperar quem não volta
com arco-íris nos olhos
e margaridas nas mãos?

Ah, o amor é um luzeiro
que toda vez que alumbra
traz o céu para a penumbra
pondo estrelas no candeeiro.
É encontro e desencontro
numa ausência tão presente
que faz a vida da gente
viver na vida do outro.
Estabelece critérios
e tira a gente do sério
por seguir o coração...
É transpor o concebido
ao encontar um sentido
para perder a razão.

Não sei se perdi o tino
ou se foi que me encantei
de amor em desvario?
Só sei que nas noites claras
a loucura me ampara
e vejo o que ninguém viu:
enquanto o céu chove estrelas
a lua dança no rio...

Pode ser que eu seja louca
mas tenho cá minhas causas...
A vida é bela e tão pouca
pra viver presa “nas casa”.
Pois quando ando no campo
e vou além da porteira,
o meu olhar com goteiras
se acende de pirilampos...

Louca?
Concordo que seja louca
porque invento quimeras
na crença dessas esperas
que chegam ao sol se pôr...
Porém prefiro sofrer
desta loucura sadia
que encanta de poesia
e enche o mundo de cor,
do que passar pelos dias
sem conhecer a magia
que enlouquece de amor!



05 - MONÓLOGO A PÈ

Autor: Guilherme Collares
Intérprete: Wilson Araújo
Amadrinhador: Guilherme Collares

- Don Antonio, toma um trago!...
- que eu já tô quaje borracho
e vô me empedá de vez! -
... que hoje, o assunto é mui largo
e, na botella de canha,
quero vê se alcanço um tempo
que não seja tão amargo
e que não seja tão preto
de miséria e escassez!

- Don Antonio, a cosa é bruta!...
… nas estância da frontera
o mundo perdeu as conta
e nem parece que é mundo!...
... a lo menos não é más
aquele que a gente tinha!

- Estância grande, já no hay...
... como havia inté bem poco,
faz trinta e pico de ano!

- Premero, viero os gringo
e compraro a estância véia!...
... co’aquele jeito na voz
que parece ladainha.

- Inté aí, más o meno!...
... que apesar de tanta granja
e planta, que não prestava,
tinha a soca das lavora
engordando boi e pico...
... e nós inda inté tropeava!

- A Estância do Ñandubay...
... que nascemo e nos criemo,
que vivemo e trabaiemo
bem más que uma vida intera!...
Indiada linda, campera,
facera e buena de laço...
... e, facilita, nas criolla,
inda corria as chilena
nas tropilla cabortera!

- Nem le conto, Don Antonio:
um gringo comprô do otro!...
... e esse tal do gringo novo
diz que vai plantá só arve!...
... carcule que linda estância
virada só em laranjera!
- Cada invernada de lujo
e boiada bichareda
que dava gosto a mirada!...
... Mal virava a primavera,
no nascê da ternerada,
e era a cosa más linda
a lida da nossa indiada:

- Recorrê campo - bem cedo! -
reparando a parição...
... pra puxá algum ternero
- vaca de premera cria -
que, não fosse a mão dos home
­- justo! - morria trancada.

- Despôs, alguma parida,
co’o parto depindurado,
que a gente sacava a custo,
com dois pauzito – enrolando –
a pária da vaquilhona...
... jogando pra’um lado e otro,
pra não ficá rebentado.

- E no forte do verão,
bichera, banho de gado...
... e o patrão já andava oiando
pra o estado da boiada,
apartando os mais pareio
pra compô uns lote bueno
pras tropa de abril e maio.

- E eu vinha – bem de a cavalo! –
chamando a ponta da tropa
nas estrada da frontera:
- Venha, venha, venha boi!...
... levando pra São Domingos
o mismo bandeando a linha
nas madrugada chuvosa
- quietito e sem alarido -
por causa da caminera.

- Se era lindo aquele tempo!...
- Don Antonio, mais um trago!...
... a canha aviva a lembrança
e, por certo, as esperança
da morte chegá ligero
pra me adoçá esse amargo!

- Não bastava a judiaria
da tal plantação de arve
e esse tipo desgraçado
trocô inté o nome da estância!...
“VALE VERDE”

- E o galpão do nosso tempo,
se era, então, cosa más linda!...
… sempre vinte o trinta home:
a peonada ajustada,
um domadô, inté dois;
uns quatro o cinco changuero;
dois casero, a cozinhera...

... que por sinal eu fresteava
quaje todo os meio-dia
na quinta das laranjera...
... um pedrero, um carpintero;
e pros jardim da patroa
tinha até um jardinero!

- Pro consumo da semana,
e isto só no ano redondo,
nós carneava quatro, cinco;
as vez até seis capão...

... porque se havia quadrilla,
com dez, doze alambradô,
o nas comparsa de esquila,
com mais quinze o vinte home,
demudava pra uma vaca!...
... e mais algum borregão!

- Don Antonio, aquele tempo
é que era lindo e folgado!...
... nós trabaiava facero
e, quaje todos os dia,
só por farra e estrepolia
inda quarteava os paisano,
oreiando os desbocado.

- Como disse o tal do gringo:
“hoje os tempo já são otro!”
Tem razão o desgraçado,
que as estância tão se indo
e a gente, apartado delas,
vai vivendo do passado.

- Um passado que era lindo:
uma vida de a cavalo!...
... sem mais lei nem lida buena
que andá sovando pelego,
e ovindo o tirrim da espora
contraponteando os gemido
da carona contra o basto.

- Don Antonio, toma um trago!...
... que hoje, um pobre peão campero
não tem mais sorte que a vila,
carroceando a vida ingrata
nuns matunguito esmirrado!...
- E eu, que me perdi, extraviado...
- e já tô quaje borracho! -
... quero vê se alcanço o tempo
que não era tão amargo...
... em que era moço e campero
e os caminho eram mui largo...
... e as estância da frontera
era a própia alma matrera
da gente do nosso pago!



06 - OSÉTIMO DIA

Autor: Carlos Omar Villela Gomes
Intérprete: Érico Machado Bastos
Amadrinhador: Geraldo Trindade

O sétimo dia chegou cedo...
Cedo demais ou me perdi nas contas
E eu aqui, sem uma flor sequer;
Sequer um choro pra lavar minha alma,
Algum bilhete ou um adeus qualquer.

O sétimo dia chegou cedo,
Tranqueando num soluço costumeiro
Que desta vez abarrotou meu sonho
No abismo tristonho de onde veio.

Chegou cedo, mas chegou tão calmo
Que eu sequer me dei conta da importância
E da real noção dessa distância,
Quando o mundo se mostrou a sete palmos.

A vida inteira continua a dança,
Moças sorriem, moços campereiam;
Aves revoam, potros corcoveiam,
O sol rebrilha no espelhar dos rios;
E eu, penando neste fundo frio...
Pelo meu nome dois ou três rezando;
Mas essas rezas vão se extraviando
Pois minha alma é um surrão vazio!

Se meus olhos não mais tinham estradas
Meus olhares então vieram comigo...
Trazendo cada sombra disfarçada
De um sonho que ficou junto à ramada,
Num tempo que há tempos foi perdido.

A terra não protege das distâncias
Onde o tombo marcou cartas jogadas,
Onde a cincha correu desesperada
Pras virilhas do sonho caborteiro.
Uma fome tomou-me por inteiro
E ficou ruminando minhas idéias,
Um tanto indigestas por sinal...
Foi então que, há exatos sete dias,
Deixei a vida pra virar poesia
Num desespero que se fez final.

O sétimo dia chegou cedo,
Podia ter demorado tantas eras...
Podia ter me livrado das esperas
E das matilhas do meu coração.
Que ainda hoje neste abismo fundo
Devoram as lembranças de outro mundo,
E me perseguem nesta solidão.

Nenhuma nuvem no céu...
O céu do sétimo dia
Pintado a raios de sol...
Uns sete dias depois
Que a esperança se foi
E eu, sangrando por dois
Me fiz um peixe no anzol.

Meu funeral foi bonito,
Com pompa, com circunstância,
Circunstancial esta dor...
Há sete dias atrás
Disseram: Descanse em paz!
E eu, do meu nunca mais,
tremi de frio e pavor...

Disseram, descanse em paz...

Como pudesse haver paz
Pra quem morreu por amor!


07 - O VELHO

Autor: Vaine Darde
Intérprete: Valdemar Camargo
Amadrinhador: Valdir Verona

Velho,
sem retovos,
genuíno
na retina dos espelhos.
Só o velho é sempre novo
porque o novo imita o velho!

Mesmo a guitarra é sofrida
se é o novo que a embala
sem a vivência das mãos...
O velho, não...
O velho a toma no colo
e com a vida nos olhos
tece carícias de amante
pra encantar a solidão.

Não existe velho, velho
pois a geada nos cabelos
é só mais um documento
assinado pelo tempo.
Os dias se acumulam
tingindo de luz o velo...
O moço que muda o mundo,
Que de todo viveu tudo
só então pode ser velho.

Os anos são que nem livros
guardando sabedoria
pras futuras gerações,
e a memória, um arquivo
onde quem sabe estar vivo
vai buscar informações.
Por isto é preciso fibra,
por isto é preciso zelo,
não é porque o corpo cimbra
que um homem fica velho.

Há tanto guri já velho
e tanto velho, guri...
Tanto moço absorto
que nem sabe que está morto
mas já deixou de existir...
Há tanto guri já preso
Nessas drogas por aí
E tanto velho bem teso
ensinando ao desprezo...
A arte de ser guri.

Velho não é o morto
mas é tudo que está pronto,
o que a vida aperfeiçoou...
Pois é somente a vivência
que vai moldando a experiência
para transpor os estorvos.
É na idade mais nobre
que o moço velho descobre
que só o velho é o novo.

Veja o exemplo das vinhas
sorvendo luz das auroras
pra cor que o vinho vai ter.
Guardando a brisa que toma
para aviar o aroma
que vai gerar o buquê.
Formando com o sol e chuva
todo o segredo da uva
que vai amadurecer.
E tudo só para a messe...
Pois só depois que envelhece
é que o vinho vai nascer.

O novo nasce do velho
Em tudo quanto se cria,
na música, na poesia
nesse modismo do povo...
O velho nunca envelhece
pois sempre reaparece
pra novamente ser novo.
O moço é a vaidade
Em busca da perfeição,
A coragem, o fascínio,
É a força sem domínio
É a chama da paixão.

O velho, não...
O velho é o esplendor,
é vinho que está maduro,
a ciência que o futuro
a gente faz no presente
é mais amor que desejo
por saber sentir num beijo
o que só um velho sente...
O velho é vida repleta,
é a obra já completa,
é a vivência total,
a total sabedoria
de se viver cada dia
como se fosse o final.

Feliz do moço mais belo
que conheça algumas rugas,
pois a vida não se aluga
ela é um dom de Deus...
Feliz do moço que chega
onde a idade se aconchega
Num par de olhos nublados.
onde a vida nos ensina
a anda pelos escuros...
Que importa não ver futuro
quem, mesmo, de olhos fechados
enxerga todo passado
onde escreveu sua história.
É bom que se deixe escrito
que ser moço é ser bonito
mas ser velho é uma vitória!

08 - POR NÃO VIVER NO POEMA
Autor: Moises Silveira de Menezes
Intérprete: Luiz Afonso Torres
Amadrinhadores: Marcus Morais (violão)
Manoel Souza (teclado)

Não busquem pelo poeta
na teia crua do verso.
Fantasmeiros figurantes
ressuscitam gastas lendas,
sombras... assombram taperas.
Habitantes do poema
construíram sua aldeia
onde os fletes da poesia
desafiam Vesta e Cronos.

Poetas, bardos, profetas
não povoam labirintos
ante-salas fumacentas
poeira, fumo, absinto
mangueira, pasto, pealo.
Não encontrareis o poeta
nas contravoltas do poema
casulo de metonímias,
fagueiras, chinas ribeiras.

Seis cordas de Andaluzia
en la noche arrabalera
ventos voejam metáforas
no céu de Erato e Polínia.
Um vago troca de ponta
por “le gustar un malino”
homens, aves migratórias
poetas movem luzeiros
não há lugar no poema!

Bandoneon em reculuta
amores em contradança
nuvem de álcool, ausência
um tango canta Gardel.
Vetustos vultos revivem
múmias de pó e pachulli
byroniano cabaret...
tinha vida a divisória
viviam poemas por lá!

Troveiro derrama ausências
desditas derretem lenços
lunar perdido nos olhos
olhar de lua minguante.
Musas habitam poemas
poesia, mundo em agito
pulperias, vilas, becos
poema mundo de todos
Poeta não tem lugar!

Torena pego “ a lo bruto”
num tiro de sobrelombo
cantiga de tiro largo,
cantata gravada a ferro
nudez no fio da palavra.
Habitam mundos diversos
os tantos seres do verbo
implacável vaticínio
não há lugar no poema!

Foi o verbo! Será verbo!
dos aedos a Santos Vega
poema, poeta, poesia
sete mares, sete musas
templário, espada, palavra
cantochão antes do bronze,
sete velas ao negrinho...
poeta não tem lugar
não há lugar no poema!


09 - PRELÚDIO À UM CAMPO MORTO
Autor: Jorge Claudemir Soares
Intérprete: Franco Ferreira
Amadrinhador: Daniel Cannes

Uma grota, uma sanga,
e um rancho a beira-chão,
Assim era o meu rincão
na costa do Caiboaté.
A casa, tinha parapeito
onde, nas noites de lua
a alma se postava nua
pra assoviar um chamamé.
 
Um jardinzinho na frente
contraponteava o palanque,
um potreiro logo adiante
pra’o pastejar do aguateiro.
A Madre-silva de cheiro
sombreava a cachorrada,
que dormia esparramada
no conforto do terreiro.
 
Um açude, feito espelho
bem pro lado do nascente,
em que a lua espiava a gente
nas noites de Primavera;
onde as estrelas cadentes
mergulhavam incandescentes
pra esconder suas quimeras.
 
Bem no moirão da porteira
de frente pro corredor,
um João-de-barro chismeiro
no seu ofício de oleiro
se arvorou de morador.
De manhã, tocava alvorada
só pra acordar sua amada
e declarar o seu amor.
 
Naquele rancho campeiro
se aquerenciou a amizade,
ali morou a verdade
ajoujada com a bonança,
era o baú de lembranças
que eu carregava em glória,
pra guardar a minha história
dos bons tempos de criança.
 Todo pássaro sai do ninho
no dia em que cresce a asa,
eu também saí de casa
e abandonei meu cantinho.
Amarguei reminiscências,
agora volto à querência,
cansado de andar sozinho.
 
Antes, não tivesse vindo
pra ver o que vejo aqui
o lugar em que nasci
com as cercas derrubadas.
Onde olho, é terra virada,
taipa e ronco de motor,
é o prelúdio do horror,
a própria essência do nada.
 
O sangue escuro da terra,
tingiu o campo do fundo,
abriu-se um sulco profundo
mais que na pampa – na alma.
A sanga que vagava calma
morreu por soterramento,
e a grota, por envenenamento
com a ganância do mundo.
 
No lugar da velha morada
restou um angico solito,
como o último milico
cobrindo uma retirada;
numa gesta desesperada
fincou pé na sua trincheira
na esperança derradeira,
de salvar a invernada.
 
Nem a sanga, nem a grota
resistiram ao progresso,
não assistiram o regresso
desse andarengo tordilho,
que sonhou legar aos filhos
a pampa íntegra e pura.
Porém, a volta foi mais dura,
que uma vida no lombilho.
 
Os sonhos somem no tempo
voam pra longe do alcance.
Rancho, potreiro e palanque
ficaram no pensamento;
somente o choro do vento
restou pra contar a história
sobrou apenas memórias
e o eco do meu lamento.
 
O clarim do João-de-barro,
não tocará mais na porteira,
nem a coruja breteira
descansará nas lonjuras,
só haverão desalentos
pra quem campereou sustento
no verde destas planuras.
 
Dou de rédeas no meu flete,
e saio batendo na marca,
com a sisma de um monarca
que perdeu o seu reinado.
Vou me arranchar no povoado
no balcão de alguma venda,
beber saudades da fazenda,
e ruminar o meu passado.
 
Venho basteriado de tempo,
e das andanças machaças;
vou afogar na cachaça
minha vocação de campeiro,
depois de velho... povoeiro,
sobrevivendo de changa.
me enterrem junto com a sanga
quando apagar meu luzeiro.


10 - QUANDO UM TAURA SOLTA O LAÇO
Autor: Gilberto Trindade dos Anjos
Intérprete: Gerson Brandolt Fagundes

Amadrinhador: Vanderson Lopes

Quando um taura solta o laço

É um trovão no descampado
e uma carga farroupilha
É o pampa de braço erguido
derrubando o alambrado

É o estouro de uma tropa
E o relampear de uma adaga
no calor de um entrevero
São grilos na noite escura
E uma revoada de garças
num entardecer campeiro

Quando um taura solta o laço

É o canto do passaredo
e são relinchos de cavalos
É a goela rouca das rãs
no bamburral do varzedo

É o estalar de um braseiro
E uma cambona chiando
fervendo junto a um tição
São asas de um joão-de-barro
E o piar de uma coruja
na cumeeira do galpão

Quando um taura solta o laço

São sonhos que ganham asas
e o rangir de uma cancela
É um quero-quero gritando
no chapadão junto as casas

É um grito de flor e truco
E um galo macho cantando
anunciando a madrugada
São patas de parelheiros
E o murmúrio de uma sanga
no fundo de uma invernada

Quando um taura solta o laço

É um sapucay bem soltado
e os gemidos de uma china
E são grunhidos de gato
num namoro de telhado

É o canto de uma cigarra
E os pulos do coração
depois de uma longa ausência
É um touro xucro berrando
E a algazarra dos tajãs
nos banhados da querência

Quando um taura solta o laço

É um borbulhar de pucheiro
e um choramingar de gaita
São acordes de um violão
num bochincho galponeiro

São as esporas cantando
E são os furiosos berros
dos guerreiros guaranis
São guinchos de um bandoneon
E o rugido das enchentes
nas barrancas do Ibicuí

Quando um taura solta o laço

É o latir da cachorrada
e são guizos de cascavel
É um carancho gritando
numa terra recém lavrada

São estalos de arreador
E um tropel a campo fora
com pisotear de flechilhas
É o estrondo das tormentas
E o assoviar do minuano
lá no alto das coxilhas

Quando um taura solta o laço

É a xucra história do pampa
que voa junto com a argola
Indo aninhar-se pachola
num arisco par de guampas

 

11 - ROMARIA DAS MADRES DO CAMPO
Autor: Andréia Sá Brito
Intérprete: Silvana Andrade

Amadrinhador: Leonardo Charrua

A vida me bate
e ofereço a outra face.
Das dores que só eu conheço,
não as nego, nem as mereço.
A vida me fez qual madeira:
da tábua da roupa,
da tábua da carne,
da tábua do catre...

A vida me fez de pronto madura,
dura, revelou-se por matreira.
Tentei erguê-la no freio,
firmá-la no laço!
Mas fui entendendo a cada golpe,
correndo e queimando feio,
que, se a força me falta no braço,
preciso buscá-la na essência.
Deixo que cruze o rastro
e busco a volta,
pra derrubar na ciência.

Estranho resultado das contas
que algum Deus fez.
Somente uma, para com mais um
somarem três ao final.
Que de vereda entende o que é assumir,
muito além de si e do singular,
A primeira (e difícil) pessoa do plural!

Terra a despertar a semente,
sangue e seiva essencial
num ritual a Ceres.
Criam, colhem, curam as mulheres,
natureza debaixo da pele
donde habitam os mistérios
da natureza das gentes.

E naturalmente atiça
por beleza e fragilidade.
Para um mentor de cobiça
deturpar a pureza,
a destituir de protagonista,
vestir de aparência a verdade.
E enquanto o diverso agoniza,
servil ao desmando do homem,
ele só sabe matar a fome
da sua própria vaidade.

Por seu destino sedento,
questiona torroeira
e oreada;
Destruído seu eito,
a resposta já ronda:
tormenta e enxurrada!

Quem sabe dos ciclos não fica tonta.
Acende as brasas, ora encarnadas,
pr’as chamas amarelecendo.
Chama o sol, de mate pronto
amanhecendo outro dia.
O riso mostrando as canjicas!
Nas crianças despertas,
deixando as bonecas;
Na planta embonecando,
parelha;
Nas flores abertas
esperando as abelhas.
Mel, galleta, leite morno.
Alguma novidade do forno
antes da debandada ao campo.

A cada manhã ensolarada
Resolvo aqui os casos de espera:
Penitencio os brancos
a quarar na reza, olhando para o céu.
Os limpos de pecados,
os que esturricaram na crença
de evaporar as diferenças,
já coloreiam a cerca inteira.
Dançam ao léu, mudas faceiras.
Decerto sentindo o cheiro do charque
que invade a nova hora do mate.
Na comunhão que anuncia
o pão nosso de cada dia.

As cores mudaram para a cozinha
Os convidados vinham da horta:
Folha, fruto e raiz de roupa nova
pra festa da mesa posta.
...A faca, a que horas bailava c’o garfo
quando a colher fez proposta
ao mogango, de molho.
Desmanchou-se o bobo,
caramelado que era...
E tudo se foi mermando
rumo ao descanso da sesta.

Mas, quanta louça ainda resta!
Antes de descansar meus calos,
que andam curtidos dos cabos...
Enxadas, facas, palavras bem afiadas,
e palmadas retrucadas,
que insistem na educação.

E mais uma vez, e sempre foi de graça,
sem fazer mais do que a obrigação.
Sem sequer: _Muito obrigado!
Trabalhar é conceito complexo:
Não se define pelo esforço!
Seria então pelo sexo?
“Trabalho” é coisa de macho,
A gente só faz um “costado”.

Hei de campear serviço aos braços
Já que não servem pras domas,
nem pacholeam em pealos.
Não são fortes o suficiente!
A não ser pra embalar filhos,
dispor a vossos pés meu brilho;
Desdobrar-me pra que não falte,
fazer sobrar pra vender;
Punhos para ferro a brasa e agulhas;
Dos panos de antigamente,
tecer remendos e novas vestes
pra serem suas, sujas
e rotas novamente!

Deve ser este o defeito:
Fazer só pra ser desfeito!
Do doente, são pela fé!
Abrir leitos com as mãos,
Pra cobrir sementes com os pés.
Cobrir os meus, quando chega o frio.
Encher seus pratos, pra vê-los vazios.
De moça, perder a ousadia
e amar na noite que esconde
as imperfeições do dia.

Quantas já foram viver à margem?
Sem tempo de lamber a cria,
nas changas da ignorância.
Quantas infâncias, pelas calçadas,
saem na busca de escola e futuro bom,
depois, de esmola pra garantir o pão?
Sem o companheiro, que segue lá fora
com o verde todo por cuidar só,
sem mais cores que povoem seus dias.
Mal sustentando a judiaria,
deixa as lembranças debaixo do pó.

A cada lar que se esvazia
o coro aumenta em oração.
Aumenta a indignação
em cada peregrina que contraria
o sentido do pranto e do coração.
Quisera abolir a dominação,
ficar no campo por opção e direito.
_Irmãos, nossa espera é por vós,
seres humanos, imperfeitos como nós!
Não sonhamos com louvores de enfeite,
apenas que nos respeitem, SENHORES!

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